Geodrasis

Imagem de Solaria


Geodrasis é o coração brutal e implacável do Reino dos Orcs. Uma terra onde a sobrevivência é uma batalha diária, onde a natureza não acolhe, mas desafia. O céu acima de Geodrasis parece permanentemente tingido por um vermelho sombrio, como se o sangue derramado ao longo dos séculos tivesse manchado as nuvens para sempre. O sol mal rompe a névoa pesada que paira sobre as montanhas, lançando sombras longas e distorcidas por entre as cristas rochosas e vales secos.

A região é composta por montanhas áridas e traiçoeiras, com picos cortantes e encostas escorregadias cobertas por poeira e fragmentos de pedra. O chão, muitas vezes enlameado, é marcado por pegadas fundas, rodas quebradas e restos de antigos conflitos. A lama é espessa e negra como óleo, e cobre quase toda a planície, afogando os poucos sinais de vegetação resistente que ousam brotar ali. Durante as chuvas sazonais, os rios barrentos descem das montanhas arrastando pedras, ossos e destroços das batalhas passadas, formando córregos breves que secam em poucos dias, deixando para trás apenas mais lama e decadência.

As moradias dos orcs, se é que podem ser chamadas assim, são cabanas improvisadas feitas com pedaços de carroças saqueadas, placas de ferro enferrujadas, lonas rasgadas de acampamentos antigos e ossos de feras abatidas. As construções parecem crescer do próprio caos, em estruturas assimétricas e desiguais, mas funcionais. Cada cabana conta sua própria história – de guerra, de fuga, de conquista ou perda. Algumas ainda ostentam bandeiras rasgadas ou símbolos tribais pintados com sangue seco nas paredes de madeira bruta.

Geodrasis não possui ruas, apenas trilhas irregulares de terra batida, marcadas pelas passagens constantes de clãs orcs em marcha. Os tambores de guerra ecoam constantemente por entre os morros, batendo em ritmos primitivos que anunciam movimentações, rituais ou apenas a afirmação de domínio de um líder tribal sobre os demais.

Apesar do cenário árido e hostil, há uma aura de força crua e pura resistência. Aqui, os orcs treinam desde jovens em meio ao barro e às rochas, aprendendo a endurecer não só seus corpos, mas também seus espíritos. O clima severo molda guerreiros ferozes, endurecidos pelo vento cortante das montanhas e pelas noites geladas sob o céu avermelhado.

Geodrasis é também uma terra de provações. Muitos clãs orcs enviam seus jovens para sobreviver sozinhos entre as montanhas e charcos, numa jornada de iniciação que dura semanas. Apenas os que retornam vivos e marcados pela terra recebem o direito de empunhar armas sagradas e usar os símbolos da tribo. A lama aqui é sagrada – misturada com o suor, o sangue e a poeira das gerações passadas, é vista como um elo direto com os antepassados.

Mesmo em meio à desolação, a comunidade se mantém viva. Rituais ao redor de fogueiras negras celebram vitórias, alianças e, às vezes, despedidas. Chamas vermelhas iluminam as faces endurecidas dos guerreiros, que entoam cânticos guturais em honra aos antigos deuses da guerra, da terra e da morte.

Geodrasis é mais do que uma terra esquecida ou um campo de batalha abandonado. É a alma selvagem dos orcs em sua forma mais pura, o berço dos brutos, o lar daqueles que não se curvam à civilização nem ao conforto. Quem pisa nessas terras sente o peso da história, da dor e da honra de um povo que resiste, não importa o que venha.

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