Valdros é um reino perdido nas profundezas de uma floresta ancestral, onde a selvageria impera e a força bruta é a única moeda de troca. Este território é um lugar onde instintos primitivos são a verdadeira lei, e a natureza feroz de seus habitantes reflete a brutalidade de seu ambiente. As árvores que cercam a cidade são retorcidas e gigantescas, com troncos escuros e ramificados que parecem formar uma prisão de madeira viva, seu emaranhado de raízes afundando profundamente na terra como tentáculos de uma besta primordial. O céu, eternamente coberto por uma camada espessa de nuvens cinzentas e carregadas, parece jamais ver o brilho do sol, mergulhando o reino em uma penumbra constante, onde as sombras parecem se mover por conta própria, como se a própria floresta estivesse viva, observando aqueles que se atrevem a entrar.
A cidade de Valdros, em si, não segue os padrões convencionais de construção. Aqui, as estruturas são erguidas de forma crua e brutal, refletindo o espírito primitivo de seus habitantes. As construções são feitas de pedra bruta, fragmentos de ossos gigantes e peles de feras lendárias que outrora caçavam essas terras. As paredes de suas habitações são como monumentos à sobrevivência, com presas colossais de criaturas que deixaram suas marcas no reino, lembrando a todos que a morte é uma constante no ciclo da vida. As ruas e trilhas que cortam Valdros são marcadas por imponentes garras gigantes fincadas no solo, como se as próprias feras que dominam o reino tivessem deixado suas pegadas para intimidar os ousados e alertar qualquer visitante do que os espera. Cada rua é um lembrete de que, aqui, o poder está nas garras e nos dentes, e aqueles que não respeitam essa verdade logo se tornam presas.
No coração de Valdros, em um espaço imenso que serve como centro do poder e da cultura do reino, ergue-se um monólito colossal de obsidiana negra. A pedra, brilhando sob a luz esverdeada da aurora, é gravada com runas arcaicas que emitem um brilho pulsante e enigmático. A cada batida do coração da cidade, essas runas parecem ganhar vida, pulsando como se estivessem conectadas ao próprio sangue de Valdros. Diz-se que essas runas carregam o sangue dos primeiros líderes de Valdros – os antigos caçadores e guerreiros, os fundadores do reino, cujos feitos se tornaram lendas. As runas não são apenas um símbolo de poder; elas são um vínculo com as feras primordiais que povoam o reino e, de algum modo, garantem que o sangue dos primeiros líderes ainda flua nas veias dos guerreiros que herdam seus poderes. Para os habitantes de Valdros, esse monólito é tanto um altar quanto um campo de batalha, pois sempre que os guerreiros se preparam para a caça, eles se reúnem ao redor dessa grande pedra, buscando força nas runas e nas lendas que elas guardam.
Valdros não é um lugar onde os fracos podem se esconder. Aqui, a sobrevivência depende de uma combinação letal de força bruta, astúcia e ferocidade implacável. Somente aqueles que são capazes de caçar, lutar e sobreviver em um mundo onde a vida é constantemente desafiada podem ascender aos mais altos postos da sociedade. O reino é governado por um conselho de Senhores das Feras, uma classe de guerreiros híbridos – meio-homens, meio-bestiais – que possuem a força de feras lendárias e a inteligência de seus ancestrais humanos. Estes líderes não são eleitos por votos ou diplomacia, mas por um ritual de caça e combate que determina quem é digno de governar. Cada um desses Senhores carrega o peso da herança de seu sangue selvagem, e sua autoridade é indiscutível, pois é legitimada pela luta constante, pela brutalidade das batalhas e pela incessante caça que define a cultura de Valdros.
Para os habitantes deste reino, o respeito não vem de palavras ou promessas, mas de ações e vitórias. Os fracos que não conseguem acompanhar a ferocidade dos guerreiros de Valdros são rapidamente descartados, sua existência apagada pela força impiedosa da natureza selvagem que os cerca. Somente os mais fortes, os mais astutos, os caçadores implacáveis que sabem dominar o terreno e vencer a batalha pela sobrevivência podem reivindicar um lugar entre os Senhores das Feras. Aqueles que falham são deixados para perecer nas garras das criaturas que rondam as florestas ou, pior ainda, caem sob os dentes e garras dos próprios habitantes de Valdros, que veem a fraqueza como uma mancha que deve ser extirpada sem piedade.
A cidade e seu reino não possuem leis ou governos em um sentido tradicional, pois a ordem é mantida pela força e pela habilidade de seus habitantes. Aqui, não há espaço para dúvida ou hesitação. Cada gesto, cada palavra e cada movimento são medidos pela ferocidade com que o indivíduo pode sobreviver e prosperar. E é essa selvageria que mantém o reino de Valdros vivo, pulsando como um coração feroz e indomável, sempre à espera de novos caçadores que se arrisquem a desafiar as feras e provar seu lugar em um mundo onde a única regra é que os mais fortes devem dominar.