O Mar Narak é um vasto abismo de águas negras e espessas, uma extensão de líquido que não se parece com nenhum outro mar ou oceano conhecido. Sua superfície é lisa e opaca, como uma tela negra e impenetrável que reflete nada, nem mesmo a luz das estrelas. Não há ondas quebrando, não há o som das águas se movimentando como se o próprio mar estivesse preso em um silêncio profundo e enervante. Tudo no Mar Narak é isolado, desconectado do mundo. O vento, por mais forte que seja, não consegue se fazer ouvir, e o ambiente ao redor é permanentemente abafado. Quem se aproxima sente uma sensação estranha de desconforto, como se o próprio ar estivesse carregado com uma tensão insustentável.
Aqueles que ousam chegar perto das suas águas não podem evitar sentir a presença de algo muito maior, algo profundo e escondido sob a superfície. Quando se atrevem a esticar a mão para tocá-lo, a sensação é imediata e terrível: um frio cortante que parece se arrastar até os ossos, como se o mar estivesse tentando puxá-los para dentro de sua escuridão líquida. Esse toque gelado não é simplesmente uma questão de temperatura, mas uma sensação, quase uma intuição, de que algo de incompreensível está aguardando abaixo, esperando pacientemente o momento certo para agir.
Os navegantes, aqueles poucos que ainda se aventuram ao redor das bordas do Mar Narak, falam de um terror indescritível que se esconde nas profundezas. Dizem que criaturas colossais, maiores do que qualquer ser mortal poderia compreender, dormem sob a água, tranquilas, esperando pela chance de emergir. Esses monstros das profundezas são descritos como tentáculos gigantescos, que se erguem da água com uma velocidade e precisão que desafiam as leis da natureza. Eles são tão grandes que um único movimento pode arrastar navios inteiros, esmagando-os como se fossem feitos de papel. E os aventureiros que se atrevem a desafiar esse mar amaldiçoado? Eles simplesmente desaparecem. Nunca mais se ouve falar deles. Não há rastros, não há vestígios de sua passagem. O Mar Narak os engole sem deixar vestígios, e é como se o esquecimento os tomasse, apagando-os da memória de todos.
Dizem que uma verdadeira jornada pelo Mar Narak é como caminhar para a loucura. Seus ventos, se é que se pode chamar de vento, não fazem barulho. Não há nenhum sinal de vida, nenhuma força que possa ser percebida como sendo o que os homens chamam de "vida". O lugar é estéril. Não há portos, não há ilhas visíveis, apenas a infinita imensidão de escuridão líquida que se estende até onde os olhos não podem alcançar. Não há segurança nesse mar. Não há barcos que se atrevam a navegar por ele, não há vilarejos costeiros que ofereçam abrigo. Tudo que se sabe sobre o Mar Narak é que ele é um lugar de morte, de mistério e de horror – um lugar onde qualquer um que se aventure não volta mais.
O nome Narak é temido e evitado, sussurrado apenas em casos de extrema necessidade, e mesmo assim, com um certo receio, como se os próprios lábios tremessem ao falar. A simples menção do mar parece acionar uma corrente de medo, uma sensação de que as próprias palavras invocam algo muito maior e mais antigo do que qualquer um gostaria de admitir. Alguns acreditam que o Mar Narak não é apenas um corpo de água – é uma entidade em si, um ser imenso e sombrio, com pensamentos que transcendem a compreensão humana. Um ser cujo desejo não é apenas consumir as vidas dos que se atrevem a navegar em suas águas, mas também distorcer as próprias almas, tornando-os parte de sua existência eterna.
Por muito tempo, o Mar Narak tem sido o centro de mitos e lendas, com poucos sobreviventes que ousaram cruzar suas águas e retornaram com histórias de horrores indescritíveis. Mas o que muitos não percebem é que os próprios sobreviventes daquelas viagens nunca são os mesmos. Seus olhos carregam um brilho estranho, seus corpos parecem ter sido marcados de algum modo pela imensidão do Mar. Muitos dizem que as almas daqueles que escaparam nunca se libertam verdadeiramente, sendo perseguidas por sonhos vazios, por um eterno eco do som de algo batendo nas profundezas do mar. E, acima de tudo, todos concordam que o Mar Narak não é apenas um lugar de morte, mas um lugar de esquecimento eterno. Quando alguém desaparece ali, o Mar os toma, e qualquer vestígio de quem eles eram é perdido para sempre, consumido pelas águas negras e sem fim.